Uma lenda muito antiga dizia que um homem de semblante sério e calmo, vestido com um sobretudo negro que não deixava a mostra um minimo pele aparecer andava todos os dias pela cidade desenhando símbolos estranhos e terríveis. Disseram que o homem era de alguma forma um demônio. O conselho religioso se reuniu para procurar uma solução. Resolveram falar com o homem. Em vão. Todas as vezes que se aproximavam, o homem sumia misteriosamente. Passaram meses e os símbolos foram aumentando. À cada dia aparecia um novo e terrível, nos lugares mais inusitados. A sociedade estava desesperada e aterrorizada. Não sabiam qual atitude tomar, até que Frank, um policial no começo de sua carreira, um homem muito religioso que deixou de lado o sonho da sua mãe e sua vocação para ser padre para se tornar policial e lutar contra os demônios urbanos, revoltado com toda a situação disse:
- Demônios não podem ficar vagando livremente por essa cidade, alguém precisa lutar contra isso, eu - respirou fundo e repensou no que estava prestes a dizer - caçarei e lutarei até o fim dos meus dias contra esse demônio para trazer a paz para os nossos dias.
-Mas como? - disse o padre surpreso - você procurará uma forma violenta de acabar com o mal que existe no mundo? Isso não é a coisa mais cristã a fazer.
-O que sugere? - perguntou o policial com uma voz cansada e até mesmo um pouco desesperada.
O padre ficou em silêncio. Concordou com a cabeça, sem outra alternativa.
-Partirei amanhã e sozinho - disse Frank - não quero que ninguém se envolva nisso - sua voz parecia cada vez mais fria.
Conforme o prometido, o homem partiu na próxima manhã em uma luta que parecia que nunca teria fim. Ficou na rua principal da cidade que não era muito grande, o homem não poderia se esconder. As horas passaram, a manhã se foi, o mesmo ocorreu para a tarde. Frank havia ordenado para todos os cidadãos permanecerem em suas casas o dia todo para que pudessem facilitar a busca. No fim da tarde, quando a tarde rendia-se aos encantos da noite, algo estranho aconteceu. No beco, ao fim da rua. Uma sobra passou rápido. Um vulto do tamanho de um homem, ao ver isso, o policial correu em direção ao vulto e começou a tentar fazer perguntas ao homem.
- Quem é você? - perguntou.
Sem resposta.
Desistiu subitamente de conversar e começou a se aproximar do pequeno beco de onde veio o vulto, sacando sua arma.
Ao ver o vulto tentar escapar, sem uma única palavra ou hesitação o homem atirou na coisa, ou homem, não sei o que a lenda tem a dizer, também não vi os acontecimentos, enfim. Sou um narrador que lhe dá apenas uma parte da história. Não vi acontecer, apenas reconto o que ouvi. Quando o tirou atingiu o que se escondia atrás do capuz, houve um ruído ensurdecedor. Não foi um grito. Nem uma explosão. Foi algo que humanos não puderam definir, nem deveriam.
Poderia terminar esta lenda como me foi contada, porém não o farei! Dizem que o homem que desenhava símbolos era, na verdade, um protetor, um espírito que protegia a cidade contra as forças que estavam escondidas. A fé no comum fez o homem religioso seguir sua razão e matá-lo. Ninguém sabe o que aconteceu com ele, nem com a cidade, essa não é uma história humana. Você não deveria ler isso. Posso estar, neste exato momento, sendo torturado por ter deixado você saber disso. Nunca saberás se essa é uma cidade no planeta terra, mas existiu assim como o oxigênio. Algumas coisas são melhores no silêncio. Humanos julgam o que não cabe a eles julgar. Podes pensar que essa história deixou de fazer sentido. Mas às vezes, desenhos sombrios ajudam a manter as pessoas fora da escuridão total. Todos têm luz em sombras e sem a pequena porcentagem de sombras, bem não costumamos dizer o que acontece… porque não pode ser dito.
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