Conto - Relatos de um assassino em série - Vinícius Arré



Relatos de um assassino em série
Vinícius Arre
Esta é uma história sangrenta. Aqui eu contarei minha triste e sangrenta vida, ou parte dela. Se você tem medo, não leia, você ficará chocado. Depois não digam que lhe faltaram avisos.
Quando tudo começou, eu era jovem. Estava na plenitude de meus dias, eu era feliz e tudo era belo. Se não fosse por aquela maldita discussão, ainda seria feliz.
Tudo aconteceu em um dia ensolarado. Estávamos eu e a minha namorada de adolescência aproveitando nossas horas juntos. Até que se iniciou uma discussão,  dizemos coisas horríveis um para o outro e por fim ela saiu de onde estávamos, nas margens de um lago..
Eu a amava, mas pelo que as marcas do tempo indicam isso se foi. O amor dela por mim se acabou instantaneamente,  transformando-se em ódio.
O que ela fez foi inimaginável até para as maiores quantidades de ódio. Até para o auto-ódio. Ela se matou deixando a seguinte carta:

"Estou escrevendo em meio a um interminável ódio. Eu odeio tudo, inclusive a mim mesma. Ficar perto daquele meu ex-namorado começou,  pouco a pouco me mostrar que a este eu já não pertencia mais. Apenas peço desculpas a quem fiz sofrer, mas agora tudo se acaba. Adeus!"
O desespero e ódio dos acontecimentos desencadeados após a morte dela, fez com que se despertasse em mim uma fúria que me levou a ser quem eu sou hoje.
Depois que a notícia do suicidio dela ter se espalhado pela cidade, toda a cidade se virou contra mim. Na escola, professores e alunos me chamaram de assassino, havia muitas acusações e poucas provas.
Comecei a perder a sanidade, estava sendo perseguido por todos e ninguém acreditava em mim. Preferia que todos tivessem me mandado para a prisão, mas não haviam provas suficientes.
Um dia, perdi a paciência com um garoto que eu havia gritado na minha janela em uma manhã,  enquanto eu dormia "Morte ao assassino".fui invadido de tamanha fúria que pulei a janela do meu quarto e espanquei o garoto. Se não fosse por um homem que passava na rua, tê-lo-ia matado. Depois de separada a briga, eu percebi que minhas mãos assim como o chão, estavam banhadas de sangue. Foi necessária ambulância para levar o garoto que estava desmaiado ao chão.
Estranhamente, me sentia tão bem. Entretanto, as ofensas só haviam aumentado. Foram espalhados cartazes pela escola, todos me temiam. E esse temor desencadeou algo que foi horrível para mim, fui expulso da escola, os pais dos demais não estavam confortáveis ao ter um aluno assassino pela escola.
Minha raiva somente aumentava, com muita vontade de matar.  Então uma tarde quando estava na calçada de minha casa passou um garoto não muito estranho. Era o filho do diretor, era um pouco mais jovem que eu.
-Assassino merece ser assassinado – gritou ele do outro lado da rua.
Eu comecei a forjar um choro de desespero. Quando vi que ele estava realmente convencido, disse:
-Sei que errei, mas o que eu devo fazer?  Ninguém está me ajudando, sinto tanta a falta de um amigo atualmente, até meus pais me viraram as costas.
Senti que ele estava realmente convencido, até que ele atravessou a rua, estava me fingindo muito bem de perplexo.
Não precisei falar de novo, o coração inocente do menino o permitiu a entrar em casa e a oferecer sua amizade. Mas não, meus sentimentos de ódio não se intimidaram se é a esperança de você, inocente leitor. Ainda sentia toda a raiva do mundo, queria matá-lo e assim fiz.
Quando ele pegou um copo de água na minha geladeira, o bebi. Calmamente, ele me perguntou:
-Você está melhor
Neste momento, com toda a minha força me joguei no pescoço dele, nós dois caímos ao chão. Então com minhas duas mãos eu quebrei o pescoço dele e o segurei até notar que não havia mais pulso. Estava morto.
Por um momento, fui invadido de total pânico, o que faria com o corpo? Mas subitamente em meio ao êxtase de matar (o que não me surpreendeu), me veio a ideia de jogar o corpo ao lago. O mesmo lago que eu estava com minha namorada no dia em que ela se matou. Era perfeito.
Esperei a noite chegar, eu deixei o corpo no porão partindo do pressuposto de que meus pais só chegariam à noite e não teriam tempo de olhar no porão.
Fui à cama eram onze horas da noite, e fingir dormir até na rua reinar silêncio.
Levantei da cama eram duas horas em ponto, vesti meu chinelo, fui ao porão e peguei o corpo, saindo pela porta da frente sem fazer barulho algum.
Tive a sorte de não ser visto por ninguém. Joguei o corpo ao lago. Isso era o fim para ele...
Desde então, em meio a prazer, percebi que eu deveria matar apenas as pessoas centro deste suposto crime. Pois bem, eu já sabia qual seria a próxima vitima.
Encontrei-o em uma praça deserta, lendo um livro de capa negra. Penso que era algo de terror. Pena que não sabia o horror que o aguardava.
Estava anoitecendo e eu estava na sombra de uma arvore do outro lado da rua. Ele estava tão intertido na leitura que acabou não me vendo. O que eu ganharia como um adiantamento de tempo. Eu sabia a melhor forma de matá-lo. Chegar por trás, imobilizar a boca e cortar o pescoço.  Fiz isso. Peguei a cabeça e deixei o corpo decapitado no banco, não houve gritos, muito menos suspeitas, mas de alguma forma todos me conheciam pelo meu novo apelido “O assassino do lago”.
Peguei a cabeça do garoto e a levei a uma cabana próxima do lago. Ali vivi com minha coleção de cabeça a adolescência inteira. Ninguém, durante um prazo de dois anos teve coragem de ir e me falar olá. Afinal, eu era o serial killer mais  temido da região.
Mas o ponto é você sabe quem eu sou?
 Talvez eu esteja o mais próximo de você, mas você nem imagina isso... talvez eu seja seu amigo, namorado, vizinho ou até mesmo um familiar. Sou um colecionador de cabeças.

Hoje em dia eu mato por questões financeiras e sociais,  outro por coisas pessoais. Quem sabe meu chefe não me contate para te matar? Adoraria ter a sua cabeça na minha coleção

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