Conto - Fotografias



Fotografias
Vinícius Arré
Cecília olhava para a fotografia. Foi invadida de bons sentimentos. Seu coração se encheu de alegria até que viu o álbum que tinha fotos dela com Paulo.
Ao abrir o álbum e ver uma foto dos dois abraçados, encheu-se de lembranças.
Lembrou-se de quando foi a Dub, a cidade em que passou um ano trabalhando. Era uma cidade muito fria e era inverno. Não havia condições para andar na rua. Então ela entrou em uma cafeteria.
Cecília tinha um grave problema para fazer amizades. Com sua personalidade introvertida, ela se sente bem mais à vontade consigo mesma.
Quase todas as mesas e cadeiras estavam ocupadas, exceto por uma cadeira. Lá se sentava um homem com olhos castanhos como terra e cabelos loiros compridos até os ombros.
Cecília pediu chocolate quente e se aproximou do homem.
-Posso me sentar? – disse.
-Por favor, será um prazer – respondeu o homem com um inocente sorriso nos lábios.
Cecília se sentou ao lado dele, sentiu o encantador aroma de seu perfume.
-Turista? – perguntou ele
-Sim. Morarei aqui por algum tempo. Consegui um emprego.
-Que bom – respondeu – é bom ter alguém simpática como você por aqui.
-Você é encantador. Qual o seu nome?
-Onde estão os meus modos? Meu nome é Paulo – respondeu com um belo sorriso.
Cecília sentiu algo que não sentia há muito tempo, o sentimento de amor adolescente, de amor inseguro, as “borboletas no estomago”. Desde o primeiro olhar, Cecília se apaixonou.
Eles conversaram um pouco, Paulo a fez rir. A cada vez mais, o coração de Cecília batia diferente a cada palavra que eles trocavam, ela simplesmente não sabia explicar.
Tempo passou se tornaram amigos até que um dia Cecília tomou coragem. Em meio a risadas se aproximou e beijou-o nos lábios. Ela se perdeu no tempo, não sabia se foram minutos ou anos. Estava maravilhada com aqueles lábios. Estava apaixonada por ele.
Quando o beijo terminou, Paulo disse:
-Isso para mim foi... Inesperado – deu uma pausa – eu não sei o que dizer, pensei que isso jamais aconteceria, seu beijo deixou-me perplexo. Eu estou apaixonado por você, mas pensei que você... Estou confuso...
-Não fique confuso – disse Cecília beijando-o novamente.
-Espere – interrompeu Paulo – se você quiser algo comigo, tem que ser para valer! Sou do tipo que um beijo é o necessário para uma paixão inesquecível.
-É exatamente Isso que eu quero – Aproximou dele – Eu te amo.
-Eu também te amo – respirou fundo – mas em assuntos românticos sou muito tímido.
-Fique calma – respondeu Cecília.
Houve muitos outros encontros, de uma forma ou de outra, a cada dia parecia algo diferente para ambos, se completavam. Era algo mágico que nenhum dos dois sabia explicar.
Um ano e meio se foi desde a data que começaram a namorar. Nunca tiveram uma briga, sempre estiveram unidos, complementando-se. Maior que tudo, até mesmo os problemas.
Então Paulo resolveu pedi-la em casamento. Preparou um jantar em sua casa. A luz de velas. Rosas e margaridas espalhadas pela casa, do modo em que Paulo gostava de fazer para impressioná-la.
Quando ela chegou, beijou-o, conversaram e foram jantar. Encantada com a decoração da casa, Cecília perguntou o porquê da ocasião tão formal.
-É porque hoje é o dia mais especial das nossas vidas.
-Como assim?
-Cecília – disse ele tirando as alianças do bolso – quer se casar comigo?
-É tudo o que eu mais sonhei fazer um dia – respondeu ela.
O casamento seria feito ao meio de uma floresta, para seguir ao espírito aventureiro de Paulo. Porém algo horrível aconteceu.
Finalmente chegou o grande dia do casamento, todos estavam felizes com a noticia que o casal trocaria alianças. Tudo seria lindo, se não fosse trágico.
Quando Paulo estava a caminho do casamento, sozinho em seu carro preto se distraiu por um minuto, pensando na cor dos olhos de Cecília, perdeu o controle do veículo.
O que o fez capotar por sete vezes. Até cair em um lago. Paulo tentou com todas as suas forças lutar por vida, mas não conseguiu sair do carro, morreu afogado.
Naquela noite acharam o seu corpo no mar.
Cecília agora dormia entre lágrimas, estava a caminho dele, ela sabia.


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