As crônicas
de Nick 2 – A cilada
Vinícius
Arré
-Sem
tempo para sentimentalismo, Nick – Respondeu Jorge ríspido.
-Mas é que eu pensei que você estivesse
morto
-Bem, não estou morto, mas estarei se você
não seguir minhas recomendações. Preciso te encontrar sozinho, na travessia
entre as Ruas cinco e seis. Há um beco sem saída. Vá até lá antes do por do
sol. Até logo. - Jorge desligou o
telefone.
Em meio a intermináveis devaneios mentais,
Nick pôs-se a pensar. “Se eu sair sozinho, Julia achará estranho; mas preciso
ir, a vida do meu irmão está em perigo” Olhou para o relógio do bar, era
meio-dia. Pensou consigo mais algumas horas e precisava ir.
Precisava arrumar um modo de despistá-la. Mas
como? Nick contou à Julia sobre a ligação de seu irmão. A reação dela: - Como? Mas
ele não está morto? Nick, não seja ingênuo, isso só pode ser uma cilada.
-A vida do meu irmão corre perigo, eu vou e
não se fala mais nisso...
-Nick, sempre me admirou sua inteligência
nestes dias passados, porém agora, você não consegue ver que essa decisão não é
nem um pouco sábia?
-Desculpe-me, Julia, desculpe se tudo o que
disse até agora foi de pura ilusão para você, mas preciso ir. Por um intervalo
de segundos, Nick se aproximou e beijou-a nos lábios. Sentiu o prazer de um
beijo doce. O que há muito tempo não sentia.
Nick e Julia passaram à tarde, juntos ela
tentava convencê-lo a não ir. Mas não houve maneiras de ela fazer isso. Então ele
foi. Chegando ao beco sem saída, o coração de Nick batia muito rápido, não
queria admitir, mas e se ela estivesse certa? De alguma forma, Nick sentia que
ela estava de uma maneira estranha.
Nick encontrou o seu irmão, ele estava a
fumar um cigarro na esquina, esperando impaciente. Até que ele viu Nick chegar,
disse:
-Pensei que você não viria. – Disse Jorge
-Eu também – Respondeu Nick – Por onde você
andou por todo este tempo? Pensei que estivesse morto. O que aconteceu? Você é
prisioneiro?
-Sim – Mentiu Jorge – Fugi hoje pela manhã,
eles estão me perseguindo, por isso que você também corre perigo.
-Mas o que está acontecendo? O que fizeram
com você?
-Nick, gostaria muito, mas não posso dizer.
Você precisa ir embora desta cidade, sua vida corre um grave risco.
Nick sentia o contrário, sabia que de
alguma forma, o Jorge jamais o mandaria desistir de algo. As poucas lembranças
que ele tem do irmão é o vendo sendo o mais bravo de todos, sentia-se honrado –
quando criança – a coragem que o seu irmão lhe passava. Uma forma estranha de
segurança. Nick sabia que havia algo errado. Mas por um momento hesitou. “Não
posso fazer nada de errado, preciso agir sabiamente”.
O que ele não sabia é que era tarde demais.
O suposto irmão se aproximou de Nick e o
deu um soco. De alguma maneira estranha, Nick ficou de pé, grudando no cabelo e
deixando cair uma suposta mascara do que era seu irmão.
Nick quis bater eternamente em quem estava
pregando aquela peça nele, o seu irmão não seria isso... Jamais ele permitiria
uma grande desonra como esta. Nick sabia que ele fazia a mesma coisa.
Voltando a realidade, Nick viu que estava
algemado dentro de um carro, tudo estava escuro, exceto por uma pequena luz na
janela. Estavam passando por uma estrada de pouca iluminação. Nick não sabia
onde eles estavam. Tudo estava confuso. Não sabia se passaram dias, anos ou
meses, ou apenas um segundo. Perdeu na sua cabeça o modo de pensar que ainda
poderia viver
“Julia, se eu pudesse pelo menos te pedir
desculpas, você tinha toda a razão, isso era uma cilada. Mas agora é tarde
demais.” Pensou.
Em algo Nick tinha razão, era tarde demais,
mas isso será bem pior do que ele pensava.
De alguma forma, Julia já sabia que Nick já
estava em problemas, mas como ela o ajudaria? Não havia respostas para esta
questão. Se ao menos ela soubesse onde se localiza a 12ERS. Lembrou-se da voz
de sua mãe “As respostas estão dentro de você”. Mas como? Impossível as
respostas estarem perto dela.
Julia foi para um hotel, não poderia
procurar com este cansaço de viagem. Deveria descansar um pouco. Ela foi até
seu quarto, número 532. Tomou um banho frio, e caiu na cama, nua. Sentindo-se
como uma criança indefesa. Sem mais demandas e pensamentos, adormeceu.
Ela sonhou um belo sonho, no sonho
lembrou-se de quando era uma criança antes da tragédia. Lembrou-se de como
estava feliz naquela época. E lembrou-se de um presente que sua mãe lhe dera. O
espelho. Lembrou-se de um reflexo e nada mais. As palavras de seu pai ficaram
em sua cabeça “Você pode ser controlada, eles têm algo dentro de você. Busque as
respostas e encontrará”.
Julia acordou sobressalta. Eram três horas
da madrugada. Sua boca estava seca. Foi até a cozinha e bebeu um copo d’água.
Já estava decidida, não iria dormir. Tudo estava
escuro na casa, ela estava despida. Olhou pela janela, ninguém nas ruas. Apenas
as luzes da cidade que dormia.
Seu apartamento era no quarto andar, havia
uma grande janela com grades douradas e desbotadas. Ao ver a cor, de alguma
forma a fez sorrir.
A campainha tocou. “Quem poderá ser a estas
horas?”
Olhou pelo buraco da porta, viu um rosto
que para ela não era desconhecido. Claro, apenas ele poderia ajudá-la.
Julia abriu a porta e o abraçou. Foram anos
que ela não o havia visto.
quase 500 visualizações,Great. daqui a pouco chega aos 1000 ainda mais com as aventuras de Nick
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