O mundo de Lendy - Parte 1 - A porta azul



Notas: este texto faz parte de uma pequena minissérie de contos.
Esta série vai para Edna, que me ajudou a confiar nos meus contos. E a todos os leitores do blog.
O mundo de Lendy
Vinícius Arré
Edna esperava. Estava sozinha, não sabia para onde ir. Mas sentia. Apenas isso
Ela tem 15 anos, saiu da escola neste dia de inverno, esperava na esquina pelo seu ônibus, invadida de pensamentos.
“Hoje será o dia” pensou
Distraída ao som de Bon Jovi pelo fone de ouvido de seu celular, em seu mundo que apenas ela conhecia. Pensava no homem misterioso e estranho que encontrou no ônibus pela manhã. Disse a ela que as respostas que ela procura não estão neste mundo, que agora como nunca precisaria usar o seu espírito aventureiro. Foi apenas isso que o tempo permitiu a ele dizer. Desceu no ponto de ônibus.
Edna estava confusa. Por onde começar a procurar? O que ela deveria fazer? Estava presa em seus dilemas. O ônibus chegou, ela entrou nele e se foi. Duas horas de viagem ate a sua casa. Pegou o seu pequeno exemplar de Harry Potter e o enigma do príncipe, era a terceira vez que lia a série, que era a sua favorita. Não. Não conseguia ler, não com esses pensamentos. Fechou o livro e olhou pela janela.
Em um misto de duvidas e confusões, Edna estava estranhamente decidida. Sabia o que devia encontrar. A porta azul. A única coisa que poderia levá-la até a solução do mistério que a cerca desde o encontro com aquele homem. Não o achava um lunático. Muito pelo contrário, pensava que o mundo era real, podia sentir isso de alguma forma. Tão claro como o sol, mas ao mesmo tempo tão misterioso como a lua.
“Porta azul reveladora dos mistérios, onde poderei te encontrar?” Pensou.
Quando voltou a si, percebeu que o ônibus havia parado no lugar em que o homem misterioso havia descido pela manhã. Seu coração foi preenchido por um sentimento de que as respostas poderiam estar naquele ponto em algum lugar, ela sabia aonde. Racionalmente, ela não deveria descer em um bairro longínquo de sua casa. “Siga seu espírito aventureiro” a voz do homem ecoou em sua cabeça. O ônibus estava saindo. Até que ela hesitou e gritou:
-Não, espere!
O motorista parou o ônibus e ela desceu, carregando sua mochila nas costas e seu Harry Potter na sua mão direita. Não estava mais perdida em devaneios. De uma forma automática ela sabia para onde ir. E estava indo.
Atravessou uma rua, na próxima esquina virou a esquerda até que chegou até uma pequena e misteriosa porta, que levava a três andares de apartamento.
Por um momento teve medo de subir, mas venceu o medo com o seu espírito aventureiro.
No primeiro andar havia escritórios. No segundo, consultórios. E no terceiro havia apenas uma casa, com uma porta azul brilhante. De uma forma incrível, Edna sentiu como se já estivesse visto aquela porta em algum lugar. Não se lembrava de onde.
Bateu na porta que se abriu na hora.
-Tem alguém aí?
Sem resposta.
-Com licença?
Sem resposta.
Quando estava se virando para ir embora, triste por ter tido uma desilusão, alguém apareceu atrás dela e a chamou:
-Para onde você está indo? – perguntou uma voz masculina e serena, que para ela não parecia estranha.
-Eu pensei que... Não tinha ninguém aqui.
-Pois bem, entre, pequena Lendy.
Edna franziu o cenho e com um ar suspeito perguntou:
-Quem é Lendy?
-Ah, como pude ser tão mal educado? Esqueci de te apresentar a si mesma – abriu um grande e belo sorriso – você é Lendy!
-Como posso ser Lendy se nunca ouvi falar desse nome?
-Em meu mundo, as pessoas têm nomes diferentes e únicos. O seu é Lendy.
-Conte-me um pouco do seu mundo – Pediu Edna
-Há certas coisas que não podem ser contadas, pois não há narrativa, além disso, não há explicação. É preciso ver para entender – respondeu com um sorriso simpático.
-Você pode me dizer o seu nome?
-Claro, meu nome é Leandro, mas todos no outro mundo me chamam de Elk. Gostaria de tomar chá?
-Sim, por favor.
-Ótimo! Enquanto isso, podemos conversar.
Leandro a guiou até a mesa da cozinha. A cozinha era um lugar aconchegante, a mesa era totalmente feita de madeira, baseado em um modelo antigo. Por um momento, Edna teve a impressão de que tudo naquela casa brilhava.
Ambos se sentaram a mesa. Leandro serviu ambas as xícaras com uma garrafa vermelha que estava sobre a mesa. Edna deu um gole do chá, então começaram:
-Segundo o nosso mundo, você pode participar, de uma experiência surreal que pode mudar sua vida por completo. Você passou na primeira parte do teste, agora basta que você saiba o que fazer. Como chegar a este mundo?
-Antes de prosseguir, posso perguntar algo?
-Claro!
-Por que você me escolheu? Há tantas pessoas que podem fazer isto melhor que eu.
-Não fui eu que te escolhi, tão pouco pertence a raça humana quem te escolheu. Você nasceu uma escolhida.
-O que quer dizer?
-A cada intervalo de sessenta anos, nasce uma criança especial, cujos sentimentos são originais, assim como o modo de imaginar. Resumidamente, nasce uma pessoa perfil para participar deste mundo. Cabe a ultima criança antes de morrer ensinar à próxima. E meu tempo está chegando ao fim, minha doce criança. É necessário que se passe a tradição.
-Por onde podemos começar? Sempre me senti presente de algo diferente, e creio que está em minha alma seguir essa tradição.
-Ótimo, para começar venha comigo. Mas primeiro termine o seu chá.
Quando o chá estava terminado, foram ao porão da casa. Não era escuro. As escadas davam diretamente para uma porta vermelha. Abrindo ela, Edna se deparou com um mundo que nunca havia visto igual.
Continua...




Comentários

  1. me diexou curioso,essa porta vermelha,que mundo é este todos leitores estão ansiosos para saber o final.Vinicius posta mais

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